(Foto: Reprodução)

 A paralisação dos ônibus urbanos em Picos, iniciada nesta sexta-feira (19), provocou a suspensão de aulas presenciais na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e trouxe dificuldades de locomoção para a população.

A medida foi adotada pela empresa responsável pelo transporte coletivo urbano de passageiros, a L.D.L. Turismo e Transportes (KB Transportes), que alega não receber incentivos financeiros da Prefeitura Municipal, o que inviabilizaria a continuidade do serviço. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Picos, mas até o momento não obteve retorno. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

População afetada

A interrupção no transporte afetou diretamente usuários que dependem dos ônibus para se deslocar. A aposentada Lúcia Brito, moradora do bairro Junco, contou que precisou pegar uma van intermunicipal para chegar ao Centro.

“Cheguei na parada de ônibus e tive que pegar uma van. Para voltar, estou retornando de táxi junto com outras pessoas. É complicado, porque quando tem ônibus a gente se organiza, mas sem eles ficamos sem saber como voltar para casa”, relatou.

 Maria Aparecida Sousa também lamentou a situação. Ela que trabalha como doméstica chegou atrasada no trabalho por falta de ônibus.

“Dependo totalmente do ônibus. Hoje sei que eles não vão rodar, então estou me virando como posso. Trabalho em casa de família e vou chegar atrasada”, disse.

Uespi suspende aulas

A Universidade Estadual do Piauí (Uespi), campus Professor Barros Araújo, anunciou a suspensão das aulas presenciais devido à paralisação. Em nota, a direção informou que convocará reunião do Conselho de Campus para deliberar sobre a adoção provisória de aulas remotas, até que o transporte público seja restabelecido. 

“O retorno às atividades acadêmicas presenciais ocorrerá imediatamente após a regularização do serviço”, destacou a instituição, reforçando o compromisso de minimizar os impactos da situação para discentes, docentes e técnicos.

 Alternativas de transporte

Sem ônibus circulando, os taxistas da Praça Félix Pacheco registraram aumento na demanda. Segundo um motorista, que preferiu não se identificar, muitos passageiros têm se organizado em grupos para dividir corridas.

“As pessoas chegam procurando táxi porque precisam se locomover. Hoje mesmo já fiz quatro viagens só para atender a essa necessidade”, contou.

Nota da empresa

Em comunicado, a L.D.L. informou que, diante da ausência de resposta positiva do município às solicitações de apoio e repasse de recursos, tornou-se inevitável a paralisação temporária.

A L.D.L. Turismo e Transportes LTDA, informa à população que, diante da ausência, de resposta positiva da Prefeitura Municipal quanto às solicitações de apoio, incentivo e repasse financeiro, torna-se inevitável a paralisação temporária dos serviços a partir desta sexta-feira (19).

A medida visa possibilitar a reavaliação do contrato, uma vez que a falta de suporte financeiro inviabiliza a manutenção mínima da prestação do serviço, especialmente diante das gratuidades, meias-passagens e demais custos operacionais.

Reafirmamos que a empresa permanece aberta ao diálogo e disposta a buscar soluções conjuntas, visando a retomada do transporte coletivo em benefício de toda a sociedade picoense.

Entenda a crise do transporte coletivo em Picos 

A crise no transporte público de Picos teve início em abril de 2025, quando a Prefeitura decidiu romper o contrato com a empresa KB Transportes, após dois veículos da concessionária serem apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Para amenizar a situação, a gestão municipal implantou uma frota emergencial com cinco ônibus, que passaram a circular de forma gratuita pela cidade.

No entanto, em junho, a Justiça determinou o retorno das operações da KB Transportes, decisão que reacendeu os impasses entre a empresa e o poder público.

Diante do agravamento do problema, o Ministério Público do Piauí (MP-PI) convocou uma audiência pública para o dia 1º de outubro de 2025, com o objetivo de discutir alternativas e soluções para o transporte coletivo urbano no município. 

Fonte: Cidade Verde